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Será lançado em março o Dossiê sobre lesbocídio no Brasil

Pesquisa em andamento revela o mapa das mortes de lésbicas no Brasil




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Fonte: Lesbocídio – As histórias que ninguém conta, Registros de casos de lésbicas assassinadas no Brasil (2018).


Realizada pelo projeto Nós: dissidências feministas em colaboração do projeto Núcleo de Inclusão Social – NIS, da UFRJ, a pesquisa vem fazendo o levantamento e registro de dados de mortes de lésbicas desde o ano passado (2017) e publicando-as no blog https://lesbocidio.wordpress.com.



Os casos registrados no blog datam de 2014 a janeiro deste ano, assim, foram levantadas mais de 130 mortes de lésbicas no Brasil. Contudo, devido à coleta de dados ser através de notícias da mídia, e não possuírem maiores informações, não há como ter dimensões reais da violência letal conta essas mulheres.

Ressalta-se ainda que o projeto contabiliza também suicídios, considerando que os processos de discriminação e de abando familiar em decorrência da orientação sexual, geram o adoecimento mental causado pela lesbofobia, acarretando em depressão e até em suicídio. Segundo dados do Relatório: Pessoas LGBT mortas no Brasil (GGB, 2017), dentro da população LGBT, as lésbicas representam mais de 25% dos suicídios contabilizados em 2017.

Outro ponto importante, que não é abordado pelo relatório, são as mortes pela lesbofobia institucionalizada, uma vez que a discriminação nos serviços de saúde acarreta o acometimento e até o agravamento de doenças que podem e levam a morte um número ainda invisível de mulheres. É importante dizer que na saúde a prerrogativa heteronormativa é problemática, desde a prevenção entre mulheres, que não têm acesso as informações corretas com os cuidados a sua saúde até à demora nos diagnósticos devido à prescrição de exames que não consideram hábitos e práticas decorrentes de sua orientação sexual atrasando os diagnósticos.

Os números gerados pelo relatório são importantes para que possamos compreender o perfil dos homicídios, de modo que se possa pensar políticas e ações que atuem para reduzir as vulnerabilidades dessa população e até prevenir o acometimento de novas vítimas.

Outro aspecto importante do Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil é a humanização das vítimas, uma vez que o blog trata cada uma com suas narrativas e identidades, não se resumindo apenas em números.


LESBOFEMINICÍDIO

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Fonte: Atlas da violência, 2017.

É importante falar de lesbofeminicídio, pois se trata da violência letal contra mulher em decorrência de sua orientação sexual. Contudo, o lesbofeminicídio se estrutura na sociedade para além dos aspectos tradicionais de violência (doméstica e familiar) contra mulheres cis heterossexuais, uma vez que além do âmbito familiar e de seus relacionamentos afetivos, pode e decorre também por parte de estranho, geralmente associado à violência sexual (estupro corretivo), além de poder decorrer da lesbofobia institucionalizada.

O termo lesbofeminicídio é usado na América Latina pelo movimento de lésbicas para qualificar os homicídios de lésbicas de forma similar ao feminicídio, de modo que ambas são violências letais contra mulheres, estruturadas pelas relações estabelecidas no sistema patriarcal heteronormativo.

O termo garante a visibilidade de lésbicas dentro do feminicídio, uma vez que este já é conhecido e tipificado em alguns países da América Latina, como no caso do Brasil (Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015). Contudo mulheres mortas em decorrência de sua orientação sexual ficam invisíveis diante da alta taxa de 4,8 homicídios de mulheres por 100 mil mulheres (Atlas da Violência, 2015), o que deixaria o Brasil como quarto país da região onde mais se matam mulheres.


Para mais informações sobre o evento acesse: https://www.facebook.com/events/388753204904649/