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Assembleia Mundial das Mulheres no Fórum Social Mundial



Foto divulgação das redes sociais.



O Fórum Social Mundial ocorreu entre 13 e 17 de março em Salvador / Bahia, e teve uma grande onda de comoção quando foi noticiado o lesbofeminicídio da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco.


Assim, vários atos de protesto tomaram conta da programação na cidade de Salvador e as atividades previstas se voltaram a essa pauta. Bem como a Assembléia Mundial de Mulheres, além dos encaminhamentos que vinham se dialogando, manifestou sua indignação com este atentado que foi contra todas as mulheres.

Lei abaixo o documento da Assembleia Mundial das Mulheres.

Salvador, 16 de março de 2018

Somos mulheres lésbicas, trans, bissexuais, não binárias, de todo o planeta, sem distinção, somos forças de resistência a todas as formas de opressão, desigualdades, discriminação, e estamos dispostas a promover ações coletivas para frear este processo histórico de dominação violenta que nos subjuga.
Somos negras, indígenas, brancas e de etnias não brancas que enfrentamos o racismo como fator estruturante de nossas vidas e da sociedade e exigimos que se levantem todas as vozes, compromisso e ações para por fim a uma realidade mundial de violência e invisibilidade que nos impõem. As trabalhadoras, artistas, donas de casa, estudantes, acadêmicas, jovens, do campo, das cidades, da floresta, com deficiência, todas, sem distinção, somos vítimas de um sistema racista, patriarcal, capitalista e misógino e estamos determinadas a juntar nossas forças e nos lançarmos coletivamente para mudar os sistemas políticos e econômicos que dominam o mundo. Pela Justiça Climática. Somos parte da natureza e não donas dela.

Reafirmamos a urgência de reunir todas as nossas lutas por uma emancipação económica, social, cultural, livres de violencia. Contra a misoginia, silenciamento e invisibilidade. Contra o patriarcado e todas as formas de violência.
A Assembléia Mundial de Mulheres propõe os seguintes pontos inegociáveis em nossa luta para uma Agenda internacionalista e inadiável.
Pontos:

1. Pelo pleno reconhecimento do trabalho produtivo e reprodutivo. Todas somos trabalhadoras, não importa se em casa, no mercado ou na comunidade. Pela igualdade de oportunidades e igualdade salarial, contra o assédio sexual e moral no trabalho, pelo pleno reconhecimento do trabalho de cuidado remunerado, exigimos políticas públicas para garanti-lo.

2. Pelo fim dos feminicídios, transfeminicídios e de todas as formas de violência, sejam sexuais, físicas, simbólicas, psicológicas, domésticas, trabalhistas, obstétricas, patrimoniais e epistêmica praticadas no âmbito público, privado e no ativismo.

3. Pelo nosso direito de decidir sobre nossos corpos, sentimentos e pensamentos, com autonomia sem interferências do Estado, dos fundamentalismos religiosos e do poder econômico.

4. Por nossa emancipação real e substantiva e acesso ao poder político.

5. Pelo fim da utilização de nossos corpos como arma de guerra, pelo fim da perseguição e assassinato das defensoras de direitos humanos.
6. Pelo nosso acesso e de todas as pessoas à educação universal, emancipadora, transformadora, libertária, não acista e não sexista.

7. Contra o racismo, a xenofobia, o genocídio e o fim do encarceramento das pessoas negras, indígenas, migrantes e pobres.

8. Pelo reconhecimento de nossa identidade e expressão de gênero auto percebidas. Pela plena garantia de nossos direitos, fim da discriminação e da violência por orientação sexual, identidade e expressão de gênero.

9. Pelo desmantelamento da estrutura patriarcal dos meios de comunicação, pelo fim da mercantilização e hipersexualização de nossa imagem. Nossa invisibilidade nestes meios contribui para o silenciamento de nossas lutas.
10. Contra o capitalismo, o colonialismo e o imperialismo que nos exploram e expropriam ao redor do planeta, cujas disputas pelo mercado e fontes geram guerras, destruição, violências e mortes que atentam contra nós.

Essa Assembléia expressa

Repúdio ao assassinato de Marielle Franco, feminista, negra, lésbica, vereadora do Rio de Janeiro que denunciou a repressão policial nas favelas do Rio frente aos crescentes processos de militarização.

Plena solidariedade ao povo curdo e às mulheres de Afrin. O fascismo do Estado Turco Islâmico é um perigo para todas. Apoiamos a luta histórica de resistência e o modelo de sociedade e convivência das mulheres em Afrin, ao norte da Síria. Somos contra todos os crimes de guerra e o genocídio como o que hoje se executa em Afrin. Nossa luta é universal, conjunta, pela paz, pela democracia e pela liberação das mulheres e com esta, de toda a humanidade. Convidamos a unirem-se à campanha #WomenRiseUpForAfrin contra o genocídio no Curdistão.